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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

QUEM VAI PAGAR A CONTA ?

Sempre que tenho oportunidade de ministrar a um casal, costumo dizer que a maior virtude do casamento não é viver a relação conjugal sem crises, mas vencê-las.
Os conflitos que qualquer casal enfrenta - a partir do momento em que ambos decidem abandonar o estilo de vida dos solteiros - não pressupõem falta de capacidade para o casamento ou erro na escolha do parceiro.
Absolutamente.
A princípio, as crises que surgem com o passar dos meses dizem respeito a algumas questões que precisam ser resolvidas por ambos os cônjuges.
Depois de sanadas, surgirão outras a serem trabalhadas.
É importante ressaltar ainda, e isto não é novidade para ninguém, que qualquer tipo de crise pessoal não tem a função de lançá-lo abismo abaixo (o que, em muitos casos, infelizmente acontece), mas sim trazer à luz limites e imperfeições que podem e devem ser enfrentadas.
Um problema simples, quando não é detectado, mais tarde pode se transformar num mal crônico, provocando inúmeras seqüelas.
Qualquer tipo de crise sempre nos remeterá a uma reflexão sobre o que podemos alterar em meio à desordem.
Portanto, crise nunca foi e nem será motivo para desistência.
Em relação ao casamento, este assunto precisa ser revisto com bastante atenção. Na maioria dos casos de divórcio, pequenas crises se tornam motivos fortes para encerrar o casamento.
Jesus diz em Marcos 10.9: “O que Deus uniu, não separe o homem”.
O Senhor já tinha certeza de que o homem optaria pela separação conjugal diante das crises.
Com essa negativa, Deus não teve a intenção de se auto-preservar, prevendo que Seu projeto chamado casamento pudesse fracassar, comprometendo Sua reputação.
É um absurdo crer nisto.
Se observarmos do ponto de vista da preservação, as principais pessoas a serem resguardadas são os próprios cônjuges, pois são os que mais sofrem com a situação.
Sendo assim, a ordem “Não separe o homem” caminha em direção oposta à abdicação do casamento.
Outro fato que concorda com esta idéia: Deus nunca concordou com atitudes de desistência.
Pelo contrário.
Ele mesmo não permitiu que Seu próprio filho abandonasse o projeto da salvação. Observe o texto de Mateus 26.39: “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como Tu queres”.
Esta oração de Jesus foi a única que não teve uma resposta de Deus.
Por que será?
Podemos citar um outro texto que traduz o mesmo sentido (Hebreus 10.39): “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma”.
Mesmo que o plano do Senhor para o casamento tenha como objetivo proporcionar bem estar e felicidade (oferecendo saídas para as possíveis crises), inúmeros casais ainda preferem comprar a “solução”: advogados movendo ações judiciais que rompem a aliança do casamento.
Infelizmente, estes casais não percebem que não se trata apenas
de ter ou não dinheiro para pagar honorários advocatícios (ou facilitar ao máximo os trâmites da separação, para que a situação seja menos traumática)*.
O problema não se resume a isto.
Vai muito além.
O grande problema é: quem vai pagar a conta?
Quem sairá no prejuízo pelo divórcio?
Não estou me referindo à quantia monetária, mas à parte emocional: riscar o passado, apagar a história, negar o amor que existe um pelo outro.
Como remediar a angústia no coração do filho?
Seus sentimentos não entram na partilha de bens.
Talvez algumas pessoas queiram apresentar um meio de preservar os direitos dos cônjuges, mas um fato é inegável: nem advogado, nem juiz, por mais conhecimento que tenham sobre o assunto, nunca terão uma solução para os sentimentos dilacerados dos filhos, que pagam a conta da separação.
Em qualquer idade, eles sentem a dor, mesmo que não a expressem.
Não precisamos ir muito longe.
Você deve conhecer alguma criança cujos pais são separados.
Geralmente, ela tem problemas na escola, por falta de concentração nos estudos ou por causa do convívio com seus colegas.
No caso dos adolescentes, pode variar desde a alteração do comportamento até à depressão.
Quando decide se separar, um casal submete seus filhos a uma condição terrível. Quase sempre, eles são obrigados a aceitar o fato, ouvindo dos próprios pais aquela velha afirmação: “Você não é o primeiro nem será o último a passar por isto. Você supera!”
Mas qual será o futuro das próximas gerações diante desta atitude de desistência por parte dos pais?
Será que estes filhos terão no futuro o mesmo caráter frente aos problemas no casamento?
O custo de uma separação conjugal não se resume aos valores cobrados por aqueles que oferecem soluções jurídicas para o divórcio.
No colapso em andamento, os filhos herdam uma dívida pesada, cujo prazo para quitação é bem extenso.
Pense nisto.

No Amor de Jesus,
Pr. Humberto Freire

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